quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A Invenção da América


Desde criança aprendemos na escola que Cristóvão Colombo descobriu a América em outubro de 1492 quando tentava chegar às Índias por uma nova rota pelo Ocidente, e ponto. Mas quando e como se deu essa idéia de que a América foi descoberta? Essa idéia foi imposta por Colombo, ou o próprio nem fazia idéia do que viria a ser as terras onde aportou?

Aqui está uma resenha, feita pelo blogueiro, do livro A Invenção da América, de Edmundo O'Gorman, que visa investigar essas inquietações. O livro é constituido de quatro partes que serão postadas aqui.

Eis a primeira parte.


Edmundo O’Gorman aborda neste livro o questionamento se realmente é possível afirmar que a América foi descoberta, e daí inicia suas reflexões e críticas que faz em quatro partes. O autor averigua a origem dessa idéia de descobrimento, analisando os livros que serviram como pilares para que essa idéia de descobrimento fosse aceita.
Começa, na primeira parte, que é a qual onde se inicia a crise da idéia do descobrimento, levantando o fato de que Colombo, em 12 de outubro de 1492, chega a uma ilha que acredita ser próxima do Japão, e isso não pode ser considerado como a revelação da existência de um novo continente, como é a idéia passada de como se deve entender este encontro com essa massa de terra.
Ainda levanta a origem da idéia que teria estimulado Colombo, mostrando a “lenda do piloto anônimo”. Esta lenda diz, segundo o padre Bartolomeu de las Casas, que Colombo tinha tido informações de um piloto, cuja embarcação havia sido lançada às praias de terras desconhecidas durante uma tempestade. Lenda essa, que motivou o almirante a fazer a travessia com o desejo de mostrar a existência dessas terras até então desconhecidas. Las Casas ainda defende que o descobrimento da América é o cumprimento de um designo divino, realizado por um homem escolhido para esse fim, para levar a palavra sagrada até uma região habitada por povos ainda não iluminados pela luz evangélica.
O autor faz menção ao primeiro texto em que Colombo aparece como descobridor da América, o Sumario de la natural historia de las Índias, de Gonzalo Fernández de Oviedo, que dá como indiscutível a interpretação da viagem de 1492 como uma empresa descobridora.
Ainda no decorrer desta primeira parte, tenta solucionar o problema de a quem atribuir a fama pelo feito, ao piloto anônimo ou a Colombo. Para isso, examina algumas tentativas de explicá-lo, como a de Oviedo, para quem o descobridor das novas terras, que acredita ser as Índias, é Colombo, uma vez que considera duvidoso o relato do piloto anônimo. Já para Francisco López de Gómara, é tido como verdadeiro o relato do piloto anônimo, portanto sendo este seu primeiro descobridor, e Colombo, o segundo. Já para Fernando Colombo, na biografia que faz de seu pai, Vida del almirante, afirma que ninguém antes de Cristóvão Colombo sabia da existência das terras que ele encontrou em 1492, considerando falso que alguém lhe tenha dado notícias delas antes. Segundo Dom Fernando, Colombo teve idéia da existência dessas terras em decorrência de amplos conhecimentos científicos, observações e de sua erudição.
Ainda no âmbito de tentar achar uma solução para a empresa de Colombo, se foi uma viagem com objetivo asiático (chegar às Índias pelo Ocidente) ou uma viagem com caráter descobridor a fim de encontrar novas terras, O’Gorman cita outros estudos que visam dar uma luz a esta questão. Um desses estudos é de Antonio de Herrera, segundo o qual Colombo mesmo tendo consciência da existência de uma terra desconhecida, só se deu conta de que eram essas as terras em que havia aportado em 1492, somente na quarta viagem que fez, ao ter notícia da existência do Mar do Sul, isto é, do Oceano Pacífico. Semelhante maneira de pensar tem Pablo Beaumont, para quem a empresa de Colombo tinha dois objetivos, que era a de descobrir um continente desconhecido, e caso não encontrasse o tal continente, chegar à Ásia por uma nova rota. Já para William Robertson, a empresa de Colombo é uma façanha do progresso científico da época em que esta se dá, afirmando que no final do século XV, o grande anseio da Europa era abrir uma comunicação marítima com o Oriente. Assim, Colombo teria motivos científicos para imaginar que navegando em direção ao Ocidente, encontraria terra. Porém, ao chegar em terra não sabia se eram praias asiáticas ou alguma terra ainda não conhecida.
Essas opiniões iniciam uma crise a respeito das antigas idéias de Dom Fernando Colombo, sobretudo quando o erudito Martín Fernández Navarrete divulga uma coleção na qual afirma que o projeto de Colombo consistiu apenas em estabelecer uma rota marítima para a Ásia e nada mais. Idéia compartilhada por Washington Irving e por Alexandre von Humboldt.


3 comentários:

pakitaaegis disse...

adorei sua resenha muito boa!!! vc tem a segunda parte? fiquei curiosa. entre em contato por meu email: marina_sug@yahoo.com.br

Ivan Leal Sousa disse...

Realmente interessante sua resenha (ou resumo, como na verdade me parece) mas eu queria ver a parte dois... quando sai?

André Gobi disse...

Caros, mil desculpas. Tive uns problemas e acabei esquecendo do blog, voltando somente hoje a acessá-lo. Disponibilizarei o restante o quanto antes possível.
Mais uma vez, sinceras desculpas.